Artigo publicado no “Jornal do Pico” e jornal “Ilha Maior” nas edições de 17 de Junho de 2016.
Filho de José Vieira de Sousa Júnior, trabalhador rural e de Maria da Conceição da Fonte, doméstica, José Armando Fonte de Sousa nasceu a 23 de Agosto de 1957 no lugar do Monte, freguesia de Candelária do Pico. Era neto paterno de José Vieira de Sousa (Ramona) e de Maria da Glória Ferreira e neto materno de Manuel Inácio da Fonte e de Maria da Conceição Pereira. Foi baptizado no dia 1 de Setembro de 1957, sendo seus padrinhos Manuel Inácio da Fonte e Maria do Carmo Sousa.
José Armando cresceu no ambiente de uma pequena aldeia de gentes simples, muito trabalhadoras, que repartiam o tempo entre o amanho das terras, a criação de animais, a pesca e que tiravam a maioria do seu sustendo das vinhas e figueiras que medravam na rude lava negra. Viveu no seio de uma família de fé, muito crente no seu padroeiro Santo António. Em sua casa a música estava sempre presente, seu pai e avô eram grandes cantadores e habilidosos tocadores e foi certamente esta ambiência, que contribuiu para a formação da personalidade sã e sabedora de José Armando.
José Armando era dotado de inteligência rara, deixou a sua marca por onde passou e em quem com ele conviveu. Amava a sua Terra e empenhou-se em prol das tradições da sua aldeia, freguesia, concelho e da ilha. Dedicou-se aos órgãos autárquicos e cooperativos, à sua Igreja de Santo António e Irmandade, à catequese, ao teatro, à música, tunas e coros, ao folclore, ao escutismo, à poesia, às crónicas e contos, à história, ao ensino e às explicações, à rádio, aos jornais e sobretudo à juventude.
Era grande a sua paixão pela juventude, «andava sempre rodeado de jovens» - recordam os seus antigos alunos. Foi fundador e animador de variados movimentos associativos juvenis, tendo participado na organização de diversas sessões culturais e encontros de juventude.
Sendo um homem da rádio, das letras, do teatro e da música, José Armando foi coordenador e locutor da efémera rádio (pirata) da associação Juventude Progressista do Monte. Durante largos anos a sua voz foi ouvida semanalmente na Rádio Pico na sua rubrica intitulada “Crónicas da Ilha Maior” e na Rádio Montanha. Os jornais do Pico e do Faial, bem como os boletins associativos, escolares e paroquiais, publicavam escritos seus com alguma regularidade.
Foi ensaísta, escreveu cerca de uma centena de sonetos, bem como crónicas, contos, peças de teatro, jograis, letras para ranchos e tunas, etc. “Pirata do Monte” era seu o pseudónimo. Com o apoio do FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis) foi um dos impulsionadores da biblioteca do Salão do Monte, com um número considerável de livros. Foi tocador de bandolim e apresentador do Grupo Folclórico da Casa do Povo da Candelária e era o bem conhecido homem do microfone nas festas do 1.º de Maio do Monte e nas de Santo António.
Foi um destacado animador e agitador sociocultural. Era de esquerda, foi mal-entendido, preterido e até expulso, mas lutou pelos seus ideais. Foi autodidacta, estudou e singrou. Fez a instrução primária na Escola do Monte, estudou no Externato Particular da Madalena e concluiu os estudos liceais como aluno externo no Liceu da Horta. Foi professor nas escolas EB 2,3/S de São Roque do Pico e das Lajes do Pico e frequentava um curso de Licenciatura em Estudos Portugueses na Universidade Aberta.
Seu apelido era Ramona, era um Homem simples, do Povo, que acreditava e trabalhava para o Povo, amigo do amigo e de grande coração. Ele foi uma luz que iluminou e guiou as gentes do Monte e arredores.
Diz a sabedoria antiga que “partem cedo aqueles que os deuses amam” e José Armando partiu muito cedo. Faleceu há 15 anos, no dia 16 de Junho de 2001 com 44 anos idade, mas não foi esquecido. Por tudo isto que descrevi e muito mais, José Armando foi alvo de uma merecida homenagem a título póstumo.
No 1.º de Maio de 2013, o Município da Madalena descerrou uma placa, dando o nome de José Armando Fonte de Sousa ao Jardim Municipal do Monte.
Um forte abraço José “Ramona”, onde quer que estejas...
Mário JC Laranjo
“Minha Ilha”
Querida ilha pelo Sol tisnada,
Ilha morena, oásis no mundo,
Pérola do Oceano encantada,
Te dedico eu um amor profundo.
No pego do Atlântico erguida,
Ilha de lava, de velhos vulcões,
Ilha lembrada, ilha esquecida,
Ilha de hospitaleiros corações.
Surgiste linda nas rotas do infante,
Com teu manto de granizo brilhante,
À luz do Sol, romântica e dourada.
Não há no mundo outra maravilha,
Nem beleza como a da minha ilha,
Meu berço, minha terra adorada.