quinta-feira, 16 de junho de 2016

16-06-2016 - José Armando Fonte de Sousa, in memoriam…


Artigo publicado no “Jornal do Pico” e jornal “Ilha Maior” nas edições de 17 de Junho de 2016.

Filho de José Vieira de Sousa Júnior, trabalhador rural e de Maria da Conceição da Fonte, doméstica, José Armando Fonte de Sousa nasceu a 23 de Agosto de 1957 no lugar do Monte, freguesia de Candelária do Pico. Era neto paterno de José Vieira de Sousa (Ramona) e de Maria da Glória Ferreira e neto materno de Manuel Inácio da Fonte e de Maria da Conceição Pereira. Foi baptizado no dia 1 de Setembro de 1957, sendo seus padrinhos Manuel Inácio da Fonte e Maria do Carmo Sousa.

José Armando cresceu no ambiente de uma pequena aldeia de gentes simples, muito trabalhadoras, que repartiam o tempo entre o amanho das terras, a criação de animais, a pesca e que tiravam a maioria do seu sustendo das vinhas e figueiras que medravam na rude lava negra. Viveu no seio de uma família de fé, muito crente no seu padroeiro Santo António. Em sua casa a música estava sempre presente, seu pai e avô eram grandes cantadores e habilidosos tocadores e foi certamente esta ambiência, que contribuiu para a formação da personalidade sã e sabedora de José Armando.

José Armando era dotado de inteligência rara, deixou a sua marca por onde passou e em quem com ele conviveu. Amava a sua Terra e empenhou-se em prol das tradições da sua aldeia, freguesia, concelho e da ilha. Dedicou-se aos órgãos autárquicos e cooperativos, à sua Igreja de Santo António e Irmandade, à catequese, ao teatro, à música, tunas e coros, ao folclore, ao escutismo, à poesia, às crónicas e contos, à história, ao ensino e às explicações, à rádio, aos jornais e sobretudo à juventude. 

Era grande a sua paixão pela juventude, «andava sempre rodeado de jovens» - recordam os seus antigos alunos. Foi fundador e animador de variados movimentos associativos juvenis, tendo participado na organização de diversas sessões culturais e encontros de juventude. 

Sendo um homem da rádio, das letras, do teatro e da música, José Armando foi coordenador e locutor da efémera rádio (pirata) da associação Juventude Progressista do Monte. Durante largos anos a sua voz foi ouvida semanalmente na Rádio Pico na sua rubrica intitulada “Crónicas da Ilha Maior” e na Rádio Montanha. Os jornais do Pico e do Faial, bem como os boletins associativos, escolares e paroquiais, publicavam escritos seus com alguma regularidade. 

Foi ensaísta, escreveu cerca de uma centena de sonetos, bem como crónicas, contos, peças de teatro, jograis, letras para ranchos e tunas, etc. “Pirata do Monte” era seu o pseudónimo. Com o apoio do FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis) foi um dos impulsionadores da biblioteca do Salão do Monte, com um número considerável de livros. Foi tocador de bandolim e apresentador do Grupo Folclórico da Casa do Povo da Candelária e era o bem conhecido homem do microfone nas festas do 1.º de Maio do Monte e nas de Santo António.

Foi um destacado animador e agitador sociocultural. Era de esquerda, foi mal-entendido, preterido e até expulso, mas lutou pelos seus ideais. Foi autodidacta, estudou e singrou. Fez a instrução primária na Escola do Monte, estudou no Externato Particular da Madalena e concluiu os estudos liceais como aluno externo no Liceu da Horta. Foi professor nas escolas EB 2,3/S de São Roque do Pico e das Lajes do Pico e frequentava um curso de Licenciatura em Estudos Portugueses na Universidade Aberta.

Seu apelido era Ramona, era um Homem simples, do Povo, que acreditava e trabalhava para o Povo, amigo do amigo e de grande coração. Ele foi uma luz que iluminou e guiou as gentes do Monte e arredores. 

Diz a sabedoria antiga que “partem cedo aqueles que os deuses amam” e José Armando partiu muito cedo. Faleceu há 15 anos, no dia 16 de Junho de 2001 com 44 anos idade, mas não foi esquecido. Por tudo isto que descrevi e muito mais, José Armando foi alvo de uma merecida homenagem a título póstumo. 

No 1.º de Maio de 2013, o Município da Madalena descerrou uma placa, dando o nome de José Armando Fonte de Sousa ao Jardim Municipal do Monte.

Um forte abraço José “Ramona”, onde quer que estejas...
Mário JC Laranjo


Soneto da Autoria de José Armando Fonte de Sousa:

“Minha Ilha”

Querida ilha pelo Sol tisnada,
Ilha morena, oásis no mundo,
Pérola do Oceano encantada,
Te dedico eu um amor profundo.

No pego do Atlântico erguida,
Ilha de lava, de velhos vulcões,
Ilha lembrada, ilha esquecida,
Ilha de hospitaleiros corações.

Surgiste linda nas rotas do infante,
Com teu manto de granizo brilhante,
À luz do Sol, romântica e dourada.

Não há no mundo outra maravilha,
Nem beleza como a da minha ilha,
Meu berço, minha terra adorada.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

CURATO DO MONTE - 10.º ANIVERSÁRIO...


Artigo publicado no “Jornal do Pico” a 30-12-2016 e no jornal “Ilha Maior” a 06-01-2017

Caros leitores, gostaria deste modo lembrar um acontecimento que completou este ano o seu 10.º aniversário. 

Por Decreto Episcopal, datado de 13 de Junho de 2006 (dia de Santo António), D. António de Sousa Braga, Bispo de Angra e Ilhas dos Açores, autorizou a elevação a Curato da Comunidade de Santo António do Monte, da Paróquia de Nossa Senhora das Candeias, Ouvidoria do Pico. 

No dia 19 de Julho de 2006, aquando da celebração da missa dominical na igreja do Monte, foi lido e explanado à comunidade o Decreto da elevação, cujo pequeno extracto se transcreve:

“Hei por bem atender o pedido formulado pelo Pároco-Moderador da Paróquia de Nossa Senhora das Candeias, Ouvidoria da Madalena, Ilha do Pico, com o parecer favorável dos Conselho Pastoral e Económico da mesma Paróquia, bem como da Mesa da Irmandade de Santo António do Monte, no sentido de elevar a Curato, nos termos da Diocese de Angra, a comunidade de Santo António do Monte, com o centro de culto na Ermida com o mesmo nome.

O Curato de Santo António do Monte, inserido na freguesia da Candelária, concelho da Madalena, ilha do Pico, confronta a Norte com o Caminho do Pé do Monte, a Sul com a Canada da Mata, a Este com a Serra das Velhas e a Oeste com o mar. 

Com esta decisão, entendemos dar configuração canónica e reconhecimento eclesiástico, com todos os direitos e deveres inerentes, a uma comunidade viva e dinâmica, que funciona já há muito com grande autonomia e sucesso. Esperamos e recomendamos que a sua elevação a Curato constitua uma etapa de ulterior crescimento e integração na realidade eclesial, de que faz parte: Paróquia, Ouvidoria e Diocese.”

Esta condição de Curato confere ao Monte duas perspectivas distintas, mas relacionadas entre si, que são o ofício eclesiástico e a divisão administrativa.

A nível do ofício eclesiástico houve a criação do cargo, outrora exercido noutras comunidades por um Presbítero designado por Cura, sendo presentemente designado por Vigário Paroquial.

Em termos de divisão administrativa o Monte torna-se um núcleo populacional distinto de uma paróquia, que pelo número significativo de fiéis e por se encontrar distante da igreja paroquial, para a maior comodidade espiritual e sacramental dos fiéis, foi em tempos construída uma igreja, sob a iniciativa do próprio povo e Irmandade, provido de um Vigário Paroquial próprio sob a jurisdição do Pároco.

A este tipo de comunidades chamam-se também de quase-paróquia, ou seja, o Monte é uma comunidade de fiéis, confiada a um sacerdote como pastor próprio, mas que devido a circunstâncias peculiares, não foi ainda erecta em paróquia (CDC - Cân. 516).

Por tudo isto, gostaria de dar os parabéns ao Povo do Monte, à Paróquia de Nossa Senhora das Candeias, à Ouvidoria do Pico, ao actual Pároco e Vigário Paroquial, Pe. Gaspar Pimentel, aos sacerdotes Pe. Marco Martinho, Pe. Zulmiro Sarmento e Pe. Marco Luciano que celebraram a missa da elevação do Monte a Curato, bem como aos demais Sacerdotes que exerceram o seu múnus sacerdotal no Curato do Monte.

Parabéns à Irmandade de Santo António do Monte e ao Presidente da Irmandade de então, Carlos António Castro e restantes Irmãos.

Parabéns ainda às zeladoras e zeladores da Igreja, ao Grupo Coral Litúrgico, aos Acólitos, Leitores, Ministros Extraordinários da Comunhão, Catequistas, fiéis e população em geral.

Parabéns Pico!...

Mário JC Laranjo

segunda-feira, 16 de maio de 2016

16-05-2016 - Império da Irmandade da Segunda-feira do Espírito Santo do Lugar do Monte...

No aprazível lugar do Monte cumpriu-se uma vez mais os festejos em honra ao Senhor Espírito Santo.

Este ano os Mordomos Rosa Maria e António Fernando Silveira tiveram a alegria de erguer em sua casa o altar ao Divino Espírito Santo e de celebrar com as suas cinco filhas, restante família e amigos a sua fé no Divino Paráclito.

Durante a semana que antecedeu ao dia da festa, cantou-se o Terço e festejou-se a alegria e a amizade entre os presentes.

No muito esperado dia da festa, toda a aldeia se engalanou para com os Mordomos e sua família festejarem o Divino Espírito Santo. O bom tempo ajudou, a montanha altaneira, autêntico seio do Atlântico, deu o ar da sua graça e até foi coroada por alvas nuvens.

Foguetes estalaram, bandeiras engalanaram as ruas, a Igreja perfumada e enramada. Mordomos e Irmãos do Império, familiares e amigos (eles "bem prezados”, elas lindas e esbeltas), sete coroas do Espírito Santo e Estandartes desfilaram no grande e bonito cortejo em honra à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade…
Momento alto - Missa seguida de Coroação. O coro cantou, o povo rezou. Mistura de sentimentos e de emoções, comoção, lágrimas de alegria e de fé…

A oferta da carne, do pão e do vinho. As deliciosas Sopas, carne assada, massa-sovada, arroz-doce e o vinho. Procissão, bênção das rosquilhas, flores, a “música”, o arraial, população local e forasteira, a tasquinha e os petiscos e a partilha das rosquilhas.

Religiosidade, fraternidade, igualdade e amizade. O cansaço e a alegria do doce sabor do dever cumprido…

Foi assim no Monte e é assim que certamente se tem festejado o Divino Espírito Santo, com algumas diferenças de ilha para ilha, nos mais de 500 anos de povoamento do Açores e nas 154 freguesias dos 19 concelhos açorianos. Uma vez mais tive a honra poder ajudar e colaborar nesta festa da aldeia que viu nascer meus pais e avós… Um agradecimento especial ao Bernardo Nunes que tirou a maioria das fotos…

Bem hajam a todos! Aos Mordomos e família, Irmãos do Império e colaboradores, Irmandade de Santo António do Monte, Império de São Francisco, Foliões, zeladores, enfeitadores e Coro Litúrgico da Igreja de Santo António do Curato Independente do Monte, Clero, Município, Freguesia, demais autoridades, Lira Madalense, Mestre das Sopas, Mestre do arroz-doce e seus colaboradores… enfim, bem hajam a todos os que de alguma forma contribuíram e ofertaram, para mais uma grande e bonita festa em honra ao Senhor Espírito Santo no lugar do Monte...